Hospedado em uma plataforma on-line, o mecanismo, de
funcionamento simples, divulga projetos criativos e estipula valor a eles.
Desta forma, qualquer pessoa pode apoiar e fazer doações em dinheiro, sem
valores fixos. É como uma “vaquinha virtual”. E quem investe tem direito a
recompensas exclusivas.
O rio-pretense Lucas Pelegrino Bonalumi é exemplo de uso
bem-sucedido do “crowdfunding”. Estudante de Imagem e Som da Universidade
Federal de São Carlos, ele utilizou o mecanismo para finalizar o trabalho de
conclusão do curso. A ação envolveu outros nove colegas de sala de aula.
Durante dois meses de captação, o estudante conseguiu o financiamento
estipulado. “Pedimos R$ 4 mil para cobrir os principais custos do projeto, que
envolveu dublagem, trilha sonora original e compras de licença dos softwares de
animação.” Iniciado em janeiro deste ano, o projeto, um curta metragem, será
entregue em dezembro.
A plataforma on-line usada por Bonalumi foi o Catarse.
Pioneira deste sistema no Brasil, a plataforma bateu até agora a meta de mais
de 250 projetos que alcançaram financiamento. Para fazer parte deste número,
Bonalumi se empenhou, distribuiu cartazes e divulgou o projeto por meio das
redes sociais. Para o estudante, o projeto só não conseguiu mais verba porque
ainda falta divulgação. “Cerca de 70% da doação veio do próprio círculo pessoal
do projeto”, admite.
O mesmo modelo de financiamento está sendo buscado pela Cia.
Hecatombe. Por ser independente, a companhia teatral recorreu à “vaquinha
virtual” para captar verba para o pagamento de uma viagem. O grupo foi
convidado para participar do evento DeTrupe - Encontro de Grupos Teatrais, que
acontece no Rio de Janeiro, em agosto. Os fundos teriam como finalidade
auxiliar nas despesas, como passagens aéreas - as quais o cachê do festival não
cobre.
A campanha está sendo feita no Facebook, por meio do
aplicativo Mobilize. O grupo quer arrecadar R$ 2 mil. A meta pode ser alcançada
até o dia 1º de agosto. Até sexta-feira, o grupo tinha conseguido somente R$
45. “A ferramenta é interessante pelo processo de cooperação. Por meio do
mecanismo, o investidor comum fica em pé igualdade com grandes empresas
patrocinadoras”, afirma o ator e diretor do grupo, Homero Ferreira.
Outro grupo da cidade aderiu ao “crowdfunding”. A Cia.
Fábrica dos Sonhos aposta no sistema colaborativo de financiamento para
finalizar o espetáculo de tradição denominado “Caipiras”. O projeto já foi
aprovado pelo Proac ICMS, que permite ao grupo a captação de R$ 180 mil, no
entanto, o orçamento do projeto é de R$ 301 mil.
Rubens Cardia
Lucas Bonalumi conseguiu arrecadar R$ 4 mil para finalizar
seu curta-metragem, “Ode ao fim”
Por meio do aplicativo Mobilize, o grupo pleiteia R$ 100 mil
até dezembro deste ano, quando pretende estrear a obra. “O trabalho é um
projeto grande, que além da montagem tem um produção cara, que envolve até
animais”, explica a produtora, Drica Sanches. O valor também vai possibilitar
dez apresentações da montagem. Até anteontem, porém, o grupo ainda não havia
arrecadado nenhum valor.
Pelo sistema “crowdfunding”, se até o prazo escolhido o
projeto atingir o valor desejado, o idealizador recebe o dinheiro e os
proprietários da plataforma recebem uma comissão. No entanto, se a meta de
arrecadação não for alcançada, o dono do projeto não recebe o investimento e os
colaboradores recebem o valor aplicado de volta ou revertem em crédito para
financiar outros projetos. As plataformas, desta forma, podem ser definidas
como uma forma de comércio e mecenato.
As áreas mais atuantes incluem arte, música, design e
produtos inovadores em geral. A ferramenta, por exemplo, foi responsável pelo
financiamento da campanha de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. A
opção por captar recursos por meio do “crowdfunding” é inovador, segundo Drica,
da Fábrica de Sonhos. “Somos um grupo independente do poder público, que busca
incansavelmente mecanismos de financiamento para os feitos artísticos. O
‘crowdfunding’ foi um modelo novo encontrado para pleitear recursos.” Para ela,
a iniciativa tem futuro. “O modelo tem potencial para se tornar uma fonte forte
de financiamento.”
Cartarse: http://catarse.me/pt
Banfeitoria: http://www.benfeitoria.com/
Fonte: http://www.diarioweb.com.br/